RELEMBRE O TÉRMINO
- Rodrigo Ramos
- 7 de jun. de 2022
- 2 min de leitura

Eu tenho uma personalidade tripla, fragmentada, converso comigo mesmo sem a menor vergonha, ela tem uma tatuagem na panturrilha, uma árvore seca... Acho isso bastante simbólico agora. Porque, lembro do dia, eu andava pela rua transtornado com a ideia de que a gente não estava se entendendo, desconfiava – são minhas doidices e reclamações (mas pensava alto) não é culpa minha, ela que secou.
A culpa era minha sim!
Eu estava ali tentando, sorrindo, agitando a bagaçada... Só que eu estava perdendo. E eu sabia, sempre fui pirado nela, no corpo, na cor da pele, no movimento, no jeito dela. Então na boa, eu vislumbrava a queda, eu ia cair de boca no chão... Não tinha nada pra me segurar, o futuro sombrio que me aguardava era certeiro, naquele momento eu já compreendia que ia sofrer o inferno.
Precisava achar uma solução, então pensei em comprar um porta-retratos pra que ela colocasse uma foto nossa na mesa do trampo dela, flores, sei lá... Só que eu precisava de uma confirmação! Sempre ficava inseguro com qualquer coisa que eu ia fazer pra ela. Assim desse jeito eu não fazia o que tinha que fazer, fazia o contrário. Posterguei todo romance.
Cheguei à mesa do trabalho, liguei o PC e já abri o WhatsApp pra conversar com ela sobre a coisa do retrato. Ela disse que colocaria na mesa dela sem problemas, mas que eu nunca dei pra ela nada disso (é verdade) e que o retrato dela que eu tinha na minha mesa, foi ela quem deu. Eu impulsivo não podia deixar essa passar, burro, fui lá revidar e toquei no assunto proibido: o de que a gente estava no limbo e que eu não suportava mais ela me tratando como um animal desobediente, disse que precisava de um tempo, apesar de amá-la. Eu disse isso, eu que comecei essa merda, um blefe horroroso que agora me faz rir.
Eu não precisava de um tempo, precisava de um tratamento psicológico, a pandemia me enlouqueceu, minha arrogância se manifestava com a facilidade de um print.
Não deu outra, logo ela escreveu: a gente precisa disso mesmo! E a decisão foi tomada. O casamento tinha quase oito anos, ela terminou pelo WhatsApp. Parece cruel, mas na real foi melhor, era o único jeito, pessoalmente esse tipo de conversa terminava com a gente ficando e tomando vinho, ou seja, meus maiores vícios! Ela tentou algumas vezes terminar olhando nos meus olhos, mas sempre fracassava... Dessa vez ela entrou em casa, pegou as coisas, não perdeu muito tempo falando nada, choramos, ela foi embora.



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