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Quem eu sou?

  • Foto do escritor: Rodrigo Ramos
    Rodrigo Ramos
  • 19 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura

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Ela me conheceu nos íntimos detalhes, cada virtude, todas as minhas fraquezas, meus hábitos noturnos, tudo. E eu fazia questão de falar, discorria sobre meus melhores e piores pensamentos, elaborava tudo ali com ela de ouvinte. Isso era felicidade pra mim, porque eu depositava a minha alma, eu podia fazer isso, tinha alguém pra me ler e me ajudar.


Mas meus erros eram crônicos e tudo não passava de um monólogo! Com o tempo as coisas começaram a ficar difíceis. O tempo não alivia nada, é mentira. A gente vai se acostumando, as coisas não mudam, o problema que não foi resolvido não se dissolve, ele aumenta. Então aquele silêncio latente nela se transformava em angústia e a culpa era minha que não permitia que ela falasse. Eu não permitia? Eu me perguntava... Tudo que eu queria era ouvi-la falar, isso era prazer, queria que ela confiasse em mim, mas não. Talvez ela se abrisse com alguém, com alguma amiga, com a prima, talvez ela quisesse acreditar mais nela mesma, na capacidade que ela tem, no potencial que eu via.


A voz dela foi sumindo da minha cabeça, eu já nem me lembro direito, ela não mandava mais áudios, não dizia que me amava, ela não era feliz, meses assim, como sempre eu fui o último a perceber que o problema era eu... Aquela beleza que eu imaginava ter na relação, então, era meu ego buscando aconchego, pra me confortar eu me via tentando o tal do diálogo. Um castelo de areia, a conversa nunca chega ao outro da forma como a gente imagina, o que ela entendia? Ainda fico pensando: Ela deve saber quem eu sou. E é isso que me aprisiona... Mergulhei tão fundo que agora não consigo me libertar da imagem que fiz de mim nela, preciso voltar pra superfície e respirar, imediatamente.

 
 
 

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