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Pavilhão Auricular

  • Foto do escritor: Rodrigo Ramos
    Rodrigo Ramos
  • 4 de jul. de 2024
  • 2 min de leitura

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Existe um tempo longo que não paro pra escrever doidices. Eu, provavelmente, desaprendi a escrever, porque tudo que faço passa por dois filtros chamados GPT e Coordenação Pedagógica, ou seja, todos os meus textos são corrigidos por uma máquina e criticados pela minha chefia. Simplesmente não existe nenhuma liberdade criativa, nem pra cometer algum erro estúpido de português, afinal é praxis cometer erro de português, faz até bem para o espírito. 


Lembro de fazer isso como se fosse um diário de bordo. Escrevia toda hora sobre as coisas da minha cabeça e você bem sabe (pessoa que lê alguma coisa) que a gente pode imaginar infinidades de esquisitices. Cheguei para o colega que trabalha ao meu lado, a gente de fone no ouvido, claro, eu ouvindo música instrumental, não é que eu não goste de música cantada, a canção faz parte da minha vida, mas é que eu acho vocalista um nojo… Enfim, o som é de um cara que mistura música clássica com música eletrônica, ele faz isso sozinho e vira uma baita sonzeira, várias coisas no ar, trem bom, sonzaço, eu contei a novidade para o colega e ele me disse que isso era normal. Taquipariu! A gente não se impressiona com mais nada, a lua fica laranja e que se foda. 


Falando nisso, quer dizer, escrevendo sobre: e que se foda - disse ela… Foi o maior trauma afetivo de toda minha vida, nunca vi uma pessoa com uma ambivalência tão pesada, não era por causa de bebida, nem por causa de droga não, a gente evita esses assuntos, porque paliativo faz parte do negócio, afinal sem alguma coisa ninguém suporta, acontece que não era decorrente disso, era personalidade mesmo. A bichinha é arretada até demais, eu ficava maluco. E não entendo como estágios de caridade, carinho, massagem, cuidado podem se tornar com tanta facilidade em processos melancólicos e agressivos. De todo jeito, penso que, todo mundo sofreu, haja sofrência! 


O sorriso vai ficando raro. Quem ri é, sem sombra de dúvidas, fingido, mentiroso, ou só um idiota mesmo. Não ligo de fazer esse papel, principalmente para crianças e adolescentes, vejo uma coisa tão bonita na moçada, essa parada de se impressionar. Eu sei que tô impressionado quando fico escutando a mesma música no talo, lá dentro do meu ouvido, sem parar, o dia todo. Significa que fiquei impressionado com a coisa sonora. Aliás, fiquei impressionado com tamanha aflição que o amor pode nos causar! Nunca mais quero ouvir aquela voz estridente, horrível, horrenda, vomitativa, berrando na minha orelha, a próxima, por favor, deguste com a língua o meu pavilhão auricular. 

 
 
 

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